Salvador/BA,
13 de julho de 2015.
Nota de avaliação da APG/UFBA
sobre o Estado de Mobilização dos/das Estudantes de Pós-Graduação da UFBA
Em
Assembleia realizada no dia 03 de junho de 2015, os/as estudantes de
Pós-Graduação da UFBA, deflagraram Estado de Mobilização. Esta decisão ocorreu
em um quadro de crise da UFBA, diante de um déficit orçamentário de R$ 30
milhões, remanescente de 2014, e das consequências do corte de recursos dos
Ministérios – R$ 9,4 bilhões e R$ 1,8 bilhão somente do MEC e do Ministério da
Ciência, Tecnologia e Inovação, respectivamente – pelo ajuste fiscal (o
famigerado Plano Levy) para fazer superávit fiscal primário. Crise esta que
motivou, para além das pautas específicas de cada setor, à deflagração da greve
dos docentes, servidores técnico-administrativos e estudantes de graduação em
nossa universidade nos dias que antecederam à nossa Assembleia de 03 de junho. Deflagramos
o Estado de Mobilização, em um quadro em que, devido a este mesmo Plano Levy, a
Capes sofreu um corte em seu orçamento na ordem de cerca de R$ 785 milhões – o
que levou a agência, de imediato, a atrasar no primeiro semestre deste ano a
liberação das bolsas do Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE) já
aprovadas, suspender a concessão de novas bolsas PDSE e cancelar a concessão de
bolsa adicional ao PPG que enviasse um/uma estudante ao exterior via PDSE por no
mínimo nove meses. Além disso, deflagramos o estado de mobilização em uma
conjuntura de uma política econômica contrária às aspirações demonstradas pelos/as
trabalhadores/as e pela juventude nas recentes paralisações nacionais e
manifestações realizadas pela CUT e demais centrais sindicais, de ataques aos
direitos dos trabalhadores e da juventude – como expressam as MP 664 e 665, o
PLC 30/2015 (antigo PL 4330, da terceirização), a redução da maioridade penal,
a constitucionalidade da Lei n. 9.637/1998 que regulamenta o modelo das
Organizações Sociais (OS), considerando válida a prestação, pelas OS, de serviços públicos de ensino, pesquisa científica, desenvolvimento
tecnológico, proteção e preservação ao meio ambiente, cultura e saúde e que ameaça a contratação via
concurso público nas instituições públicas.
Com
a deflagração do Estado de Mobilização, ainda em Assembleia, foi constituída a
Comissão de Mobilização que, de forma articulada com a diretoria da APG/UFBA, é
responsável pela organização das atividades de mobilização e de articulação com
os demais setores da UFBA que se encontram em greve. Esta Comissão é aberta à
composição e participação dos/das estudantes dos diversos PPG da UFBA e é de
suma importância que possamos fortalecê-la com a inclusão de mais estudantes.
Também
na Assembleia, aprovamos a Carta do II Encontro de Estudantes de Pós-Graduação
da UFBA (realizado também em 03/06, pela manhã). Nesta Carta apresentamos as
pautas locais e nacionais de reivindicação dos estudantes de Pós-Graduação
como: a reversão dos cortes orçamentários; contra a política de ajuste fiscal
do governo federal/Plano Levy; a inclusão dos/das estudantes de Pós-Graduação
no Plano Nacional de Assistência Estudantil (PNAES); o combate ao assedio moral
e sexual; a valorização das bolsas, melhores condições de pesquisa, recursos
para a participação em eventos científicos e para publicações, etc.
Ao
longo deste primeiro mês de Estado de Mobilização, a Comissão de Mobilização
tem se reunido periodicamente para discutir e organizar atividades de
mobilização nos PPG e de forma conjunta com as categorias da UFBA em greve.
Temos realizado reuniões nos PPG com a colaboração das Representações
Estudantis, proposto atividades de debate de temas diretamente ligados à
Pós-Graduação e participado das reuniões do Comando Local Unificado de Greve e
dos atos e atividades conjuntas das categorias da UFBA em greve.
Em
contato com as Representações Estudantis de alguns PPG, obtivemos informações
sobre a adesão ou não dos professores à greve, o que é/foi determinante para a
manutenção das aulas e das atividades dos PPG. Este é um aspecto importante a
termos em consideração neste primeiro mês do Estado de Mobilização dos/das
Estudantes de Pós-Graduação da UFBA. Outro aspecto é a manutenção, pelos PPG
cujos professores aderiram à greve docente, das atividades determinadas por
prazos externos (pelas agências financiadoras) à universidade, como as bancas
de qualificação e de defesa. Estes dois fatores, sobretudo o segundo, é
determinante para que, mesmo estando os/as professores/as e os/as servidores
técnico-administrativos e os/as estudantes de graduação em greve na UFBA, nós
estudantes de Pós-Graduação em Estado de Mobilização, sejam obrigados a
continuar com nossas atividades de pesquisa.
Decorrido
este primeiro mês de Mobilização, avaliamos que é de suma importância seguirmos
mobilizados/as, participando ativamente das atividades de mobilização. Este é
um momento profícuo para discutirmos e avançarmos na elaboração e propostas
concretas em relação às nossas pautas de reivindicação e às problemáticas mais
gerais da conjuntura nacional, da universidade pública brasileira, da UFBA e da
situação local em nossos Programas.
É
neste sentido que a Diretoria da APG propõe que as Representações Estudantis
dos PPG da UFBA organizem reuniões em seus Programas para a discussão do Estado
de Mobilização e da Carta do II Encontro. Também colocamo-nos a disposição,
juntamente com a Comissão de Mobilização, para contribuir na construção e na
participação destes espaços.
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