quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Posicionamento das/os Estudantes de Pós-graduação da UFBA sobre a PEC 55 e a Medida Provisória 746



________________________________________________________________________________________________

ASSOCIAÇÃO DE PÓS-GRADUANDAS/OS DA UFBA – APG UFBA
Filiada à Associação Nacional de Pós-graduandos (ANPG)

POSICIONAMENTO DAS/OS ESTUDANTES DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFBA SOBRE A PEC 55 E A MEDIDA PROVISÓRIA 746 DA REFORMA DO ENSINO MÉDIO

A APG UFBA, respaldada numa análise crítica da luta de classes, na defesa incondicional da democracia e contra toda forma de subjugação humana e social, vem se posicionar veementemente contra a PEC 55/241-2016 que estabelece novo teto de gastos para o serviço público congelando os gastos nas áreas de educação, saúde e assistência social por 20 anos, enquanto preserva os gastos abusivos com os juros da dívida pública, e contra a Medida Provisória 746, que propõe uma abrupta reforma do Ensino Médio sem qualquer discussão com a sociedade.
O principal objetivo da PEC 55 é aprofundar as transferências do orçamento público para o setor financeiro, para isso impõe um teto para os gastos sociais, enquanto as despesas com os juros da dívida pública são intocáveis e crescem sem qualquer teto. Trata-se de um evidente projeto de desmonte do Estado, representando uma afronta às demandas sociais no que diz respeito à necessidade de ampliação dos serviços públicos que pode trazer sérios impactos para o desenvolvimento de pesquisas e tecnologias e gerar uma situação de dependência de financiamento privado o que retira, na maioria das vezes, a autonomia das/os pesquisadoras/es e, ao invés das questões de pesquisa se basearem em problemas da sociedade, seriam definidas apenas por critérios de mercado pelo que as empresas querem financiar, ou seja, pela necessidade de lucro do setor privado. Outros impactos como a proibição de realização de concursos públicos, ampla terceirização na educação, também atingirão a Pós-graduação.
No caso específico da UFBA, apenas para exemplificar, um estudo demonstrou que haveria perda de 217 milhões de reais se a PEC tivesse sido implantada em 2010. A aprovação da PEC limitará ainda mais a expansão do número de escolas e universidades públicas, bem como o número de vagas, e pode aumentar as dificuldades para o desenvolvimento da pesquisa, das ações de extensão e da qualidade do ensino em decorrência do congelamento de recursos.
Somos também contra a Medida Provisória 746 da Reforma do Ensino Médio, que em seu conteúdo, apresenta o ensino de língua portuguesa e matemática como os únicos conteúdos obrigatórios nos três anos do ensino médio e restringe a obrigatoriedade do ensino de arte e educação física à educação infantil e ao ensino fundamental. Além disso, o currículo do ensino médio fica definido por “ênfase nas áreas de linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e formação técnica e profissional” (texto da MP 746), sendo que essas áreas serão definidas pelos sistemas de ensino. Isso significa que os estudantes poderão seguir diferentes percursos formativos, o que representa um empobrecimento da formação no ensino médio. A exclusão e minimização da importância de disciplinas como artes, educação física, sociologia, psicologia e filosofia é estratégia anteriormente adotada em outros governos neoliberais por representar uma formação integral e essencial dos educandos na medida em que esses conteúdos contribuem para uma formação cidadã e crítica. Desse modo, entendemos que essas mudanças representam um ataque à educação democrática, pois priorizam um ensino tecnicista e voltado tão somente para o mercado de trabalho.
Somos contra a ação truculenta do aparato repressor do Estado comandado pelo governo ilegítimo de Michel Temer, que nas manifestações contra essas duas medidas no dia 29/11 em Brasília, atacou violentamente trabalhadores e estudantes, negando-se a qualquer tipo de negociação.
Somos a favor de uma Pós-graduação com o necessário financiamento para construir sua liberdade de ensinar, de pesquisar e de se tornar mais aberta ao diálogo com a sociedade. A APG defende a ampliação de vagas nas Universidades e que sejam disponibilizadas bolsas de pesquisa para todas/os as/os estudantes. Porém, inúmeros cortes já têm comprometido o funcionamento da Pós-graduação, a realização de pesquisas e limitado o número de bolsas.                         
Todos esses fatores reforçam a necessidade da luta coletiva da Universidade e baseiam o posicionamento da APG-UFBA contrária à PEC 55/241-2016 e a Medida Provisória 746.

Salvador, 01 de dezembro de 2016