sábado, 21 de julho de 2012

Relato da mesa sobre a Pós-Graduação no Brasil ocorrida no ISC

No dia 10 de julho de 2012 ocorreu uma discussão a respeito da “conjuntura da pós-graduação no Brasil e na Ufba” no auditório Professor Guilherme Rodrigues da Silva ISC/UFBA, com a participação do professor titular Maurício Lima Barreto do Instituto de Saúde Coletiva. O professor começou a explorar o tema proposto através da contextualização da pós-graduação no mundo, segundo ele, não existe um modelo único de pós-graduação no mundo. Ele traz alguns exemplos de como a pós-graduação é heterogenia nos EUA e na Europa. Em todos estes locais e no Brasil, a formação na pós se dá pelo conflito entre a formação de investigadores versus a formação de professores.

No passado, no Brasil, só havia cursos de de pós-graduação latu sensu direcionados à especialização de pessoas para o trabalho. Durante a ditadura militar, houve um grande investimento para que os professores das universidades fossem fazer doutorado no exterior. Uma grande parte destes professores que retornaram ao Brasil que começaram a desenvolver os primeiros programas de pós-graduação stricto sensu no país. Ainda durante o período militar foi criado o Cnpq, liderado por um almirante, com o objetivo de avançar no desenvolvimento científico, mas também com perspectivas de desenvolver tecnologias para as forças armadas. Neste período, a pós-graduação deslancha, porém deslocada da universidade e distante da graduação.

Segundo o professor, apesar das criticas que tem ao sistema da CAPES, este foi um grande regulador da qualidade da pós-graduação no país, protegendo o sistema público, pois a maioria das instituições de ensino superior privado não conseguiu desenvolver programas de pós-graduação stricto sensu por conta das grandes exigências da CAPES. Este fato impediu que houvesse o crescimento desordenado e sem qualidade deste tipo de pós-graduação no país, diferentemente do que ocorreu com a graduação nas instituições privadas.

Durante as últimas décadas, o Brasil conseguiu galgar boas posições no desenvolvimento científico no mundo, sendo grande produtor de publicações científicas. No entanto, este avanço não conseguiu gerar grandes inovações que conseguissem patentes. Neste contexto, um grande problema existente é o fato de que a universidade pouco investiu no desenvolvimento da pós-graduação, limitando a sua participação a ser intermediária entre a CAPES e os programas. De acordo com o professor, o modelo da CAPES se esgotou e, neste momento, faz-se importante a transformação das estruturas que comportam a pós-graduação, isto é, as universidades. É necessária uma reforma estrutural na universidade!

Para encerrar o relato, durante do professor Maurício, alguns questionamentos que foram feitos merecem destaque para que possamos aprofundar melhor em outros espaços: 1) como juntar o ensino e a investigação na universidade? 2) Para que formar mestres e doutores? 3) Para que serve a formação universitária? 4) Para que serve o projeto de universidade no Brasil?


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