terça-feira, 13 de maio de 2014

CARTA DO I ENCONTRO DE ESTUDANTES DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFBA



Nos dias 08 e 09 de abril de 2014, na Universidade Federal da Bahia (UFBA) foi realizado o I Encontro de Estudantes de Pós-graduação da UFBA, no qual participaram cerca de 100pós-graduandos e pós-graduandas. Foram dois dias de debates intensos cujas temáticas perpassaram o papel e os direitos dos/as pós-graduandos/as no desenvolvimento social e científico, a valorização dos/as pesquisadores/as, a política nacional de ciência e tecnologia, soberania nacional, além de assistência estudantil, assédio moral, sistema de avaliação na pós-graduação e financiamento para pesquisa.
Pautados/as sobre os eixos de direitos e produção acadêmica na pós-graduação brasileira, os/as estudantes foram unânimes no que pesa a necessidade urgente de incorporar aos direitos dos/as pós-graduandos/as a universalização das bolsas, acesso aos programas de assistência estudantil (creches, restaurante universitário, residência, assistência a saúde), adicional de periculosidade e insalubridade, além de outras melhorias nas condições de estudo, trabalho e pesquisa para os/as pós-graduandos/as.
Propomos também a efetivação de uma política de valorização, inclusão e manutenção de todos/as nas universidades, atrelado a uma produção acadêmica inovadora e transformadora da realidade social, a partir da integração entre o ensino, pesquisa e extensão na pós-graduação, uma vez que identificamos inúmeros/as docentes ausentes neste elo. Assim sendo, solicitamos transparência nos mecanismos de avaliação docente na graduação e pós-graduação, bem como uma real aproximação entre os/as docentes, corpo técnico e discentes, no que tange essa valorização das universidades.
No que pesa a produção acadêmica na pós-graduação brasileira, todos/as estudantes posicionaram-se contrários/as ao produtivismo que tem se tornado as pesquisas nas universidades diante da avaliação vigente pela Capes. Tal situação tem refletido não só numa produção acadêmica frágil, como também afetado diretamente a saúde psicológica dos/as pós-graduandos/as numa pressão insustentável de prazos e produções quantificadas.
O uso de uma linguagem não sexista nos conteúdos e identificação da ANPG e APGs, também foi pautado no encontro. Embasado na forma sutil de transmissão de discriminação através da linguagem, uma vez que esta é reflexo dos valores e do pensamento de uma sociedade que a cria e a utiliza, bem como na busca pela equidade entre homens e mulheres nos espaços universitários e, consequentemente, na sociedade.
A inclusão definitiva da Pós-graduação no Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) também foi tema de reivindicação dos/as discentes, assim como a aprovação urgente de 10% do PIB nacional para a educação, reajustes de 50% nas bolsas, com garantia de reajuste anual em 1º de janeiro de cada ano, de uma educação pública, gratuita e de qualidade, bem como a isonomia na distribuição de recursos entre as diferentes áreas do conhecimento pelas agências de fomento. Não menos importante, a liberação de servidores (as) públicos para realização de mestrado/doutorado com remuneração, respeitando a legislação vigente e os regimentos internos de cada instituição também foi colocado nas defendidas pela APG/UFBA.
Somando a tudo isso, o I Encontro de Estudantes de Pós-graduação da UFBA aprovou outras importantes diretrizes que nortearão a luta dos/as estudantes de pós-graduação da Bahia: posição contrária a privatização, precarização, mercantilização e terceirização das universidades públicas; a incorporação da especialização na Pró-reitoria de Pós-graduação; o estabelecimento de licença maternidade pela Fapesb. Deliberamos ainda, a proposta de um levantamento com os direitos e a assistência estudantil pós-graduação na UFBa e em outras universidades do Brasil, a criação de estratégias de comunicação para uma maior divulgação da APG-UFBA, além de exigir uma urgente auditoria da dívida pública da união.
Toda a luta dos/as estudantes de pós-graduação da UFBA por melhores condições de estudo e pesquisa se choca com argumentos das agências de fomento nacional e estadual e da própria universidade sobre a falta de verbas para investimento na pós-graduação. Porém, sabemos que hoje cerca de 50% do Pib é reservado dos cofres públicos para pagamento do superávit primário, isto é, dinheiro público que serve para pagar a dívida. A questão é que esta dívida não é dos/as estudantes da pós-graduação e nem da juventude ou dos/as trabalhadores em geral. Por isso, não somos nós que devemos pagar esta conta. O dinheiro público deve ser usado para garantir a saúde, a educação, a moradia e o esporte/lazer/cultura da população. Neste sentido, o I Encontro de Estudantes de Pós-graduação da UFBA exige uma urgente auditoria da dívida pública da União.
Sendo assim, chamamos todos/as pós-graduandos/as para somar esforços pelo fortalecimento da pós-graduação brasileira participando da luta por melhores condições de estudo, trabalho e pesquisa para os/as pós-graduandos/as, assim como pautar outras problemáticas vivenciadas nos programas de pós-graduação para que possamos levá-las para nosso próximo evento: o 24º Congresso Nacional de Pós-graduandos/as: valorização da ciência e dos/as pesquisadores/as, que acontecerá no Rio de Janeiro, entre os dias 01 e 04 de maio de 2014.


Salvador, 09 de abril de 2014

I Encontro de Estudantes de Pós-graduação da UFBA






Encaminhamentos do Grupo de Discussão – 08/04

1.      Isonomia na distribuição de recursos entre as diferentes áreas do conhecimento pelas agências de fomento;
2.      Estabelecimento de licença maternidade pela Fapesb;
3.      Levantamentos dos direitos (Assistência estudantil) na UFBa e em outras universidades do Brasil;
4.      Efetivação de uma política de reajuste de bolsas em 1º
5.       de Janeiro;
6.      Liberação de servidores/as públicos para realização de mestrado/doutorado com remuneração, respeitando a legislação vigente e os regimentos internos de cada instituição;
7.      Mudança no nome da ANPG, introduzindo uma nomenclatura não sexista em seu nome e em todos os documentos da instituição (modificação do nome, não da nomenclatura);
8.      Obtenção de mais duas bolsas no final do curso, garantindo o auxílio tese e dissertação;
9.      Pela auditoria da dívida pública da união;
10.  Maior divulgação da APG-UFBA.

Encaminhamentos do Grupo de Discussão – 09/04

1.      Posição contrária ao produtivismo acadêmico imposto por esse processo de avaliação vigente pela Capes;
2.      Aproximação dos/as docentes, corpo técnico e discentes  pela valorização das universidades;
3.      Posição contrária a qualquer forma de assédio moral na pós-graduação;
4.      Posição contrária a privatização, precarização, mercantilização e terceirização das universidades públicas;
5.      Incorporação da especialização na Pró-reitoria de Pós-graduação;
6.      Transparência nos mecanismos de avaliação docente na graduação e pós-graduação.



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