terça-feira, 28 de julho de 2015

Carta pública da Associação de Pós-graduandos/as da UFBA (APG UFBA)

Os/as estudantes de pós-graduação da UFBA, reunidos em assembleia no dia 3 de junho de 2015, deflagraram Estado de Mobilização. Nesta assembleia foi instaurada uma Comissão de Mobilização, articulada à diretoria desta Associação, composta por estudantes de diversos programas presentes nesta Assembleia, tendo como tarefa a organização das atividades de mobilização e de articulação com os demais setores da UFBA que se encontram em greve

Esta decisão ocorreu em um quadro de crise da UFBA, diante de um déficit orçamentário de R$ 30 milhões, remanescente de 2014, e das consequências do corte de recursos dos Ministérios – R$ 9,4 bilhões e R$ 1,8 bilhão somente do MEC e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, respectivamente – pelo ajuste fiscal (o famigerado Plano Levy) para fazer superávit fiscal primário. Crise esta que motivou, para além das pautas específicas de cada setor, à deflagração da greve dos docentes, servidores técnico-administrativos e estudantes de graduação em nossa universidade nos dias que antecederam à nossa Assembleia Geral.

Ainda, como consequência dos cortes apontados acima, a Capes sofreu um corte em seu orçamento na ordem de cerca de R$ 785 milhões – o que levou a agência, de imediato, a atrasar no primeiro semestre deste ano a liberação das bolsas do Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE) já aprovadas, suspender a concessão de novas bolsas PDSE e cancelar a concessão de bolsa adicional ao PPG que enviasse um/uma estudante ao exterior via PDSE por no mínimo nove meses. Tivemos também, segundo nota pública do Fórum de Pró-Reitores de Pós-graduação e Pesquisa (FOPROP), uma redução de 75% nos recursos de custeio (PROAP, PROEX, dentre outros). Na UFBA, os cortes foram de 75% nos recursos do PROAP (Programa de Apoio à Pós-graduação).

Os/as pós-graduandos/as, em Carta construída e aprovada no II Encontro de Estudantes de Pós-Graduação da UFBA (realizado também em 03/06, pela manhã), apresentam suas pautas locais e nacionais de reivindicação, como: a reversão dos cortes orçamentários; contra a política de ajuste fiscal do governo federal/Plano Levy; a inclusão dos/das estudantes de Pós-Graduação no Plano Nacional de Assistência Estudantil (PNAES); o combate ao assédio moral e sexual; a valorização das bolsas, melhores condições de pesquisa, recursos para a participação em eventos científicos e para publicações, etc.

Uma das atividades desenvolvidas por esta Comissão foi uma Reunião Ampliada, realizada no dia 15 de julho, com a presença de cerca de 30 estudantes de vários Programas desta universidade. Nesta, discutimos a situação da pós-graduação na UFBA, com base nos informes dos próprios estudantes, alguns deles representantes estudantis, que sinalizaram a precariedade com a qual a pós-graduação vem funcionando, e que diante deste quadro de cortes locais e nacionais, podem ser interrompidas. Para nós, paralisar a pós-graduação na UFBA traz consequências para a produção no campo científico local e nacional, pois vários destes estudantes estão envolvidos com grandes pesquisas e as desenvolve sob condições precárias de trabalho (assédio moral e sexual, constantes atrasos e ausência de reajuste anual das bolsas, dentre outros problemas sinalizados na Carta, em anexo). Lembremos que estas pesquisas servem ao desenvolvimento do país, e que com a interrupção destas, paralisamos o nosso desenvolvimento enquanto nação.

Além de enfrentar estas condições, no último mês, bolsistas da Fapesb sofreram com atraso nas bolsas, o que fez com que alguns estudantes, no dia 10 de julho, em ato na Fapesb, questionassem a agência com relação aos prazos exigidos num quadro de greve, ao atraso das bolsas e com relação ao Termo de Outorga, exigência da agência para ingresso como bolsista, termo este que exige que o bolsista Fapesb não tenha nenhum vínculo empregatício durante o período de vigência da bolsa. Vale chamar a atenção à questão dos atrasos, já que no início de 2015 a Capes também atrasou as bolsas, deixando bolsistas em todo país, por mais de dois meses, sem perspectiva de resposta e recebimento destas.

No atual quadro, em que os estudantes da pós-graduação, através da APG/UFBA vem se mobilizando, consideramos de primária importância que a Reitoria, através do Excelentíssimo Reitor João Carlos Salles, e a Pró-reitoria de Ensino de Pós-graduação (PROPG)/Pró-reitoria de Pesquisa, Criação e Inovação (PROPCI), através do Pró-reitor Olival Freire, se posicionem publicamente com relação à situação da Pós-graduação na UFBA.

Também solicitamos que as instâncias comuniquem oficialmente a entidade (APG/UFBA) sobre discussões e atividades referentes à situação da pós-graduação. A APG/UFBA é a entidade que representa os estudantes de pós-graduação da UFBA. Foi fundada em 2010, fruto da luta dos pós-graduandos pelo direito a auto-organização sindical, e é filiada à Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG).

Os/as estudantes de pós-graduação da UFBA, mobilizados em conjunto com APG/UFBA, só têm a contribuir para que mudemos os rumos da pós-graduação na UFBA e no país, no atual cenário de crise, que se acirra.


Saudações estudantis!

Salvador, 15 de julho de 2015

Comissão de Mobilização da APG UFBA

Associação de Pós-graduandos da UFBA

Gestão Coletividade e Luta (2014/2015)

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